RESUMO Após a abolição, o reconhecimento da nova condição social de livres para ex-escravos e seus descendentes incluía a criação de novas identificações. Entre elas, a manipulação do antigo nome era essencial para a reafirmação da liberdade. O presente artigo procura explorar as redefinições de nomes utilizados por libertos de São Carlos, um dos principais centros da economia cafeeira na virada do século XIX para o século XX. Orientadas principalmente pelo desejo de formalização das suas relações afetivas, incluindo-se aí estratégias de se formalizar relações que lhes fossem úteis, essas renomeações são um registro ímpar de como os ex-cativos avaliaram, durante o pós-emancipação, as alianças familiares que firmaram ainda no cativeiro, bem como a afirmação de suas identidades. Por meio da coligação de fontes nominativas, especialmente com a utilização de registros paroquiais e de um recenseamento municipal, busca-se analisar a heterogeneidade de laços sociais constituídos por escravos e libertos, demonstrando como a “economia onomástica”, para além de uma questão de identificação individual, era, no pós-abolição, um elemento chave paras as lutas simbólicas que demarcavam a nova posição social dos libertos.
ABSTRACT After the abolition of slavary, the recognition of the new social condition of freedom for ex-slaves and their descendants included the creation of new identifications. Among them, the manipulation of the old names was essential for the reaffirmation of freedom. This article seeks to explore the redefinitions of names used by freedmen of São Carlos, one of the main centers of the coffee economy at the turn of the 19th century for the 20th century. Driven mainly by the desire to formalize their affective relationships, including strategies to formalize relationships that were useful to them, these renames are a unique record of how ex-captives evaluated, during post-emancipation, the family alliances that signed still in captivity, as well as the affirmation of their identities. Through the coalition of nominative sources, especially with the use of parochial registers and a municipal census, we seek to analyze the heterogeneity of social bonds made up of slaves and freedmen, demonstrating how the “onomastic economy”, as well as a question of identification, was, in post-abolition, a key element for the symbolic struggles that demarcated the new social position of freedmen.
RESUMEN Después de la abolición, el reconocimiento de la nueva condición social de libres para ex esclavos y sus descendientes incluía la creación de nuevas identificaciones. Entre ellas, la manipulación del antiguo nombre era esencial para la reafirmación de la libertad. El presente artículo busca explorar las redefiniciones de nombres utilizados por libertos de São Carlos, uno de los principales centros de la economía cafetera a principios del siglo XIX para el siglo XX. Orientadas principalmente por el deseo de formalización de sus relaciones afectivas, incluyendo estrategias para formalizar relaciones que les resulten útiles, esas renombraciones son un registro impar de cómo los ex cautivos evaluaron, durante la post emancipación, las alianzas familiares que firmaron aún en el cautiverio, así como la afirmación de sus identidades. Por medio de la coalición de fuentes nominativas, especialmente con la utilización de registros parroquiales y de un censo municipal, se busca analizar la heterogeneidad de lazos sociales constituidos por esclavos y liberados, demostrando como la “economía onomástica”, además de una cuestión de la identificación individual, era, en el post-abolición, un elemento clave para las luchas simbólicas que demarcaban la nueva posición social de los libertos.